A freguesia de Canelas encontra-se na zona mais central do concelho de Vila Nova de Gaia, no Distrito do Porto. A freguesia tem uma forte tradição de produção agrícola e está associada à fertilidade do seu território e aos espaços verdes. O seu topónimo tem aliás origem botânica, derivando da cana, que abundava e crescia de forma espontânea na freguesia.
As origens da ocupação do território de Canelas remontam à antiguidade. Foi encontrado, no lugar de Paranho, um forno do período Romano, constituído por dois níveis. Para além deste vestígio, passava na Estrada da Rechousa a via Romana que ligava Olisipo a Bracara Augusta.
Na primeira metade do século XII, podemos encontrar no Censual da Sé do Porto que a Carta de Negrelos refere a igreja de «Sancto Johannis de Canellas» e a freguesia de «Johane de Cannelas». Durante grande parte da sua história, Canelas, ou Canelhas, como aparece em documento de 1518, esteve ligada às Terras de Santa Maria da Feira. Foi integrada em Vila Nova de Gaia apenas em 1834.
Canelas tem também um importante legado cultural que está bem visível nos espaços públicos da freguesia. Eça de Queirós, Antero de Quental ou Camilo Castelo Branco viveram na nossa terra. Em relação ao primeiro, foi erigido um monumento evocativo que ainda hoje pode ser visitado. Um outro artista, César de Morais, um dos maiores músicos portugueses de sempre, nasceu em Canelas.
O século XX significou um crescimento económico imparável para Canelas. Fruto desse desenvolvimento, a 1 de Fevereiro de 1988 a povoação foi elevada à categoria de Vila. Onze anos depois, viria a ser inaugurado, na Praça 18 de Dezembro, um monumento comemorativo, da autoria dos arquitetos Daniel Couto e Pedro Emanuel Ribeiro.
Apesar da sua centralidade e de ser atravessada por milhares de carros diariamente, a freguesia continua a manter espaços naturais muito agradáveis. É o caso da Serra de Negrelos, também conhecida por Serra de Canelas, com o seu trilho pedestre.
No que diz respeito ao património edificado, o destaque vai para o Coreto Paroquial, classificado como Imóvel de Valor Concelhio desde 1980. Situa-se junto ao Jardim de S. João de Canelas, em frente à Igreja Matriz. Foi construído em 1907 e é um coreto Arte Nova, de planta octogonal, com seis metros de diâmetro. A base é em granito, revestido a azulejo, a cobertura em estrutura de ferro. No interior, a cúpula é pintada com medalhões e moldurados de ornatos estilizados. Ali se podem ver algumas figuras da história da música mundial: Verdi, Wagner, Beethoven, Schubert, Aubert, Alfredo Keil e César Morais.
Outro dos espaços referência na freguesia, o Solar dos Condes de Resende, foi construído no século XVIII, com algumas características da época barroca, como é o caso do emolduramento das janelas e portas do alçado norte. Foi nesta casa que Eça de Queirós conheceu a esposa, Emília de Castro Pamplona, filha do 4.º Conde de Resende.
Por fim, a Igreja Paroquial, construída em 1779 em substituição de um templo que existia no mesmo lugar. Apresenta características essencialmente barrocas, embora o estilo renascentista também esteja presente. Merecem destaque, no interior, as Cenas do Calvário e a escultura de madeira de Nossa Senhora das Dores.
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